Preocupações com a aparência, como o peso, a condição da pele e cabelo, formato de determinados membros, são consideradas normais quando são ocasionais. Quando a preocupação se torna excessiva e começa a consumir outras áreas da vida, é preciso prestar atenção no que você está sentindo e fazendo para responder ao estresse causado por esse sentimento.

O tema dismorfia corporal se tornou atualmente um foco constante nas discussões sobre autoestima, padrões de beleza e aparência física, principalmente entre as mulheres, que tendem a sofrer mais pressão para terem o corpo perfeito e juventude.

Identificada em 1891 pelo psiquiatra italiano Enrico Morselli, essa condição é caracterizada pela aversão a defeitos na aparência. Os defeitos podem ser quaisquer características consideradas desagradáveis, ainda que imperceptíveis para outras pessoas. Podem ser vistos como se fossem deformidades e associados diretamente a felicidade e ao bem-estar. Deste modo, para se sentirem bem consigo mesmos, esses indivíduos sentem que precisam eliminar esses defeitos.

O que é dismorfia corporal?

Apelidada de Síndrome da Feiúra Imaginária, a dismorfia corporal, cujo nome técnico é Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), é uma condição que afeta a percepção da aparência física. A pessoa encontra defeitos em seu corpo e não consegue parar de pensar neles, então fica sentindo-se mal quando vê o seu reflexo no espelho ou aquela parte do corpo específica.

A supervalorização dos defeitos danifica a autoestima e a autoimagem, despertando raiva, frustração, vergonha e tristeza nas pessoas com TDC. Para fugir dessas emoções, elas se dedicam a um cuidado extremamente exagerado com a aparência.

Procedimentos estéticos podem ser feitos em abundância e de maneira consecutiva, bem como tratamentos para pele, cabelo e dentes. O elevado número de cirurgias plásticas pode começar a prejudicar a saúde e causar arrependimento no futuro.

A aquisição constante de roupas também pode ocorrer para que a pessoa com TDC consiga ‘esconder’ a parte do corpo considerada feia levando arriscando desenvolver compulsão por compras. Em último caso, ela pode escolher evitar certos ambientes públicos por não se sentir seguro e para não mostrar os seus “defeitos”.

Os sintomas da dismorfia corporal podem ser confundidos com os de outras condições de saúde mental, como os de distúrbios alimentares, e até com traços de personalidade, como vaidade e perfeccionismo. Dessa maneira, a identificação do transtorno costuma ser feita tardiamente.

Como saber se tenho dismorfia corporal?

Todo mundo pode se sentir desconfortável com o seu corpo de vez em quando, principalmente quem tem suscetibilidade a ceder a pressões externas, como cobranças de cônjuges e familiares. O culto a certos padrões de beleza, como a magreza, ainda é muito presente em nossa sociedade. Para identificar se temos TDC precisamos observar alguns sintomas.

Os sintomas da dismorfia corporal incluem:

  • Preocupação em excesso com detalhes na aparência, mesmo que os outros não percebam;
  • Acreditar ser feio ou deformado por conta de determinado defeito;
  • Sentir insegurança ao sair de casa por acreditar que todos percebem os defeitos que você vê;
  • Ter a sensação de estar sendo alvo de deboches e brincadeiras em razão da aparência;
  • Tentar esconder os defeitos do corpo com roupas, maquiagem e procedimentos estéticos;
  • Depender da validação dos outros sobre a sua aparência;
  • Ser demasiadamente perfeccionista com a própria aparência;
  • Nunca ficar satisfeito com os resultados de procedimentos estéticos, buscando a próxima solução para eliminar os defeitos logo em seguida.

Outras condições de saúde mental podem existir simultaneamente a dismorfia corporal e, consequentemente, intensificar os seus sintomas, como a depressão, a ansiedade, os distúrbios alimentares e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

Quais as causas?

O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) pode ser desencadeado por várias questões envolvendo fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais.

Então, algumas pessoas com TDC apresentam desequilíbrios na produção de serotonina, neurotransmissor conhecido como o hormônio do ‘bem-estar’. Essa característica é comum a muitas condições de saúde mental, como a depressão e o Transtorno de Ansiedade Generalizada.

Estudos também identificaram que quem possui caso de Dismorfia Corporal na família tem mais probabilidade de desenvolver essa condição.

Em relação aos fatores ambientais, eles tendem a causar um impacto maior na infância e na adolescência, quando os indivíduos não conseguem compreender a complexidade das situações. Sendo assim, ocasiões como divórcio, negligência parental, mudança de cidade, abusos, bullying na escola e morte na família podem influenciar o surgimento do TDC.

Por mais que alguns acontecimentos não sejam negativos, crianças e adolescentes podem ter dificuldade para lidar com o estresse oriundo deles e desenvolver mecanismos de defesa inapropriados para tentarem se proteger.

Também foi identificado que pessoas inseguras, ansiosas e com baixa autoestima possuem uma tendência maior a desgostar da própria aparência. Por isso, podem desenvolver essa condição mais facilmente.

O termo dismorfia corporal é bastante utilizado entre pessoas transsexuais para justificar a aversão às características femininas ou masculinas do corpo. Entretanto, segundo o DSM-V, a condição relacionada à identificação forte e persistente com o gênero oposto chama-se disforia de gênero.

Como tratar?

O tratamento da dismorfia corporal consiste em acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico, em alguns casos, é necessário medicamentos antidepressivos e ansiolíticos para ajudar a diminuir os sintomas.

Lembrando que o diagnóstico só pode ser feito mediante consulta com um psicólogo. É importante procurá-lo assim que os primeiros sintomas forem notados para prevenir que o incômodo emocional se transforme em um problema grave. Além disso, o tratamento costuma ser mais eficaz quando a condição está nos estágios iniciais.

Viver com dismorfia corporal não é nada fácil, pois, a vergonha, a preocupação e a raiva por não ter o corpo ideal interferem no comportamento das pessoas com TDC, dificultando a vivencia do dia a dia.

É recomendado também, além do tratamento principal, um acompanhamento com nutricionista e a pratica de atividades físicas com o objetivo de se divertir e ter saúde. É interessante também manter um diário para externar pensamentos negativos, vai por mim, escrever ajuda demais!

E aí, como anda a sua relação com o espelho?

Referências:

Dismorfia Corporal: o que é?https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/dismorfia-corporal-o-que-e/#:~:text=A%20dismorfia%20corporal%2C%20cujo%20nome,aquela%20parte%20do%20corpo%20espec%C3%ADfica.

Dismorfia Corporal: o que é, sintomas e tratamento.   https://www.tuasaude.com/dismorfia/

Síndrome da feiura imaginária. https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/sindrome-da-feiura-imaginaria-conheca-a-dismorfia-corpora 

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