Sobre o Trabalho
Podemos definir trabalho como qualquer atividade física ou intelectual, realizada pelo ser humano, cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo. Trabalho é um conjunto de atividades realizadas com um propósito e pode ser abordado de diversas maneiras, com enfoque em várias áreas, como na economia, na física, na filosofia, acadêmicos, voluntários, e até mesmo, infelizmente ainda existente, o escravo.
A noção de sentido do trabalho contém uma dimensão de ordem tanto fenomenológica quanto psicológica e temporal relacionada às diferentes fases da vida. Existe uma diferença entre os conceitos de trabalho e de emprego, muitas pessoas não conseguem diferenciá-los. O trabalho é uma tarefa que não necessariamente confere ao trabalhador uma recompensa financeira. O emprego é um cargo de um indivíduo ocupa em uma empresa ou instituição, onde o seu trabalho (físico ou mental) é devidamente remunerado. O conceito de emprego é bem mais recente do que o de trabalho, e surgiu por volta da Revolução Industrial e se propagou com a evolução do capitalismo. De acordo com estes conceitos, quando Confúcio afirmou “Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.” Acredito que estivesse falando de emprego.
O trabalho sempre fez parte da vida do ser humano e é um dos caminhos para a constituição da subjetividade, embora seja visto, na maioria das vezes, como algo desagradável, rotineiro e sofrido dentro do cotidiano, resquícios talvez da etimologia da palavra trabalho (derivada do latim tripalium ou tripalus, uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Curiosamente era também o nome de um instrumento de tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare cujo primeiro significado era torturar). Ele é importante para a constituição do desejo e para a promoção de saúde. O trabalho também possibilita ao homem concretizar seus sonhos, atingir suas metas e objetivos de vida, além de ser uma forma de expressão. É o trabalho que faz com que o indivíduo demonstre ações, iniciativas, desenvolva habilidades… É com o trabalho que ele também poderá aperfeiçoá-las. O trabalho faz com que o homem aprenda a conviver com outras pessoas, com as diferenças, a não ser egoísta e pensar na organização como um todo, não apenas em si. Os sonhos e os desejos se realizam através das atividades envolvendo o outro, o coletivo. Trabalhar é transformar algo, ao mesmo tempo em que transformamos a nós mesmos.
A atividade humana no geral é que nos permite relativizar o tempo, criar uma rotina de organização e realização. Sim, rotina é necessária e é algo bom, mas também costuma ser mal interpretada. Sem o trabalho não se teria a noção de tempo, ou seja, o tempo sem atividade é um tempo sem tempo, o tempo é o modulador do trabalho. A atividade mal realizada, bem como ausência dela, também desestabiliza a noção de tempo, interferindo na integridade emocional do indivíduo e resultando no adoecimento.          

Sobre o Tempo
Chegar na hora certa, cumprir com a agenda, realizar as metas e evitar atrasos. Essas são algumas das preocupações mais corriqueiras do nosso dia a dia. A luta contra o relógio é uma batalha difícil que leva muitos de nós a sonhar com um dia maior ou com uma passagem de tempo mais lenta. Entretanto, justamente por ser algo tão comum, nunca paramos para pensar se o ritmo das pessoas sempre foi esse. A evolução dos transportes, das indústrias, das formas de comunicação, da tecnologia ao longo da história da humanidade promoveu a potencialização do tempo, mas acompanhado de mazelas psíquicas e de percepção da realidade equivocada que acabam por alterar a nossa relação com o tempo.
A noção de temporalidade foi se modificando ao longo da história. Porém, a questão do tempo ainda é uma incógnita que permanece indecifrada e está atravessada permanentemente na vida de todas as pessoas. Como afirmou Santo Agostinho “o que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei.”.
De acordo com BASTOS (2007), é comum, hoje em dia, reconhecer um amplo espectro de acepções relativas ao tempo, tais como, tempo biológico, tempo cósmico, tempo psicológico, tempo econômico, tempo global, tempo individual e uma longa relação de referências temporais que agregam ao substantivo tempo um qualificativo que em verdade, representa antes que uma definição, uma caracterização de como se experimenta o tempo em cada um dos espaços de produção do conhecimento.
A vivência do tempo depende do cotidiano de cada indivíduo, de suas relações, da cultura em que está inserido e das crenças que são adotadas. Os registros visíveis e invisíveis é o que nos define ao longo do tempo. O tempo é a maneira como vemos as nossas vidas, os nossos registros passados. O tempo pode ser nosso amigo ou nosso inimigo, conforme ele for preenchido, usufruído e trabalhado.
Segundo ALVES (2010), a civilização ocidental abandonou o próprio presente, submetendo-se a resultados. O sistema de produção capitalista ajudou a humanidade a dar um salto, gerou superávits em várias áreas. A fé direcionada ao sistema baseia-se no planejamento, na projeção futura, mas não muito distante, e na aferição dos resultados.
A internet deixou o tempo mais elástico, tornando o mundo mais dinâmico, acelerando processos que antes eram considerados lentos e flexibilizando o trabalho. Porém, resultou em uma nova angustia na sociedade contemporânea, pois se de um lado o trabalho se flexibilizou, por outro a internet e todas as novas tecnologias prolongaram o ambiente de trabalho para as esferas pessoais e íntimas do homem. O dinamismo dos resultados, ao invés de promover mais tempo livre e descanso, acabou exigindo mais produtividade.
A lógica do tempo da vida corporativa invadiu a vida privada. Para BRAZ (2003), os projetos de vida para o futuro passaram a ser miniprojetos para serem realizados em um prazo de tempo curto evidenciando uma necessidade instantânea de realização. Vivenciar o tempo deixou de ser uma experiência para se tornar algo quantitativo, que queremos controlar.

A Influência do Tempo no Trabalho
 “Compositor de destinos. Tambor de todos os ritmos. Tempo, tempo, tempo, tempo. Entro num acordo contigo. Tempo, tempo, tempo, tempo.” Caetano Veloso.
Atualmente, a característica principal no nosso cotidiano é a sensação de aceleração do tempo e esse processo muda a nossa relação com o trabalho e com as obrigações desencadeando doenças como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, dentre outras.
Baseando-se nos estudos da Logosofia, é preciso saber que o tempo pressiona quando é improdutivo, e que esse desaproveitamento ocorre quando não se ocupa. Para esta filosofia, o aproveitamento do tempo caminha paralelamente à função do fazer. São, pois, os inconvenientes e problemas cotidianos, tanto os do âmbito familiar como os do trabalho ou da profissão, ou os do próprio mundo interno, os insaciáveis devoradores de tempo. E seguirão sendo tais, enquanto a vida continuar aprisionada nos estreitos limites impostos por eles. Nesse caso, a função do trabalho se concretiza na oportunidade de resgatar dali a vida individual, criando soluções capazes de garantir a saúde psíquica e a realização pessoal.
Para Barcelos (2009), o trabalho está tão arraigado à sociedade hoje em dia que passou a ser considerado parte vital do ser, como se dele dependesse a dignidade e a estima do mesmo. Quanto maior é a valorização do trabalho maior é o tempo dedicado a ele e mais importante é a relação entre o indivíduo, a sociedade, o trabalho e o tempo. Porém, vale à pena enfatizar que a vida contemplativa também se faz necessária, até mesmo para uma tentativa de desaceleração da correria cotidiana. Os devaneios são muitas vezes oportunidades de projeção e de criação.

Em síntese, o tempo é mal aproveitado e perdido quando não se produz algo. É ganho e até recuperado quando se aprende a atuar e se exercita essa função toda vez que a adversidade, seja qual for a feição que ostente, se contraponha à evolução do indivíduo. A marca temporal na construção do humano está exatamente na transformação que ele sofre ao transformar o mundo externo quando realiza seu trabalho, pois assim ele também se transforma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, C, A, I. Tempo – A sua influência em nossa vida. Disponível em: < http://administrandopessoas.blogspot.com.br/2010/09/tempo-sua-influencia-em-nossa-vida.html> Acesso em 24 Nov 2017
BARCELOS, B, S. A relação sociedade X tempo X trabalho: como o uso do tempo e a dedicação ao trabalho podem influenciar a vida pessoal e social do ser humano contemporâneo. 2009. Disponível em: < https://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-relacao-sociedade-x-tempo-x-trabalho-como-o-uso-do-tempo-e-a-dedicacao-ao-trabalho-podem-influenciar-a-vida-pessoal-e-social-do-ser-humano-contemporaneo/36389/> Acesso em 25 Nov 2017.
BASTOS, H,F,B,N; JUNIOR, A,G,S; TENÓRIO, A C. O perfil epistemológico do conceito de tempo a partir de sua representação social. Rev. Ensaio. Belo Horizonte. v.09 n.02, p.188-204. Jul-dez 2007. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/epec/v9n2/1983-2117-epec-9-02-00188.pdf> Acesso em 20 Nov 2017.
BRAZ, C. (2003). A temporalidade como elemento chave no estudo das transformações do trabalho. Athenea Digital, 4. Disponivel em: <http://www.raco.cat/index.php/Athenea/article/viewFile/34124/33963 > Acesso em 20 Nov 2017.
Estudos da Logosofia. Aproveitando o tempo, aproveitando a vida. Gazeta do Oeste. Disponível em : <https://www.g37.com.br/c/logosofia/aproveitando-o-tempo-aproveitando-a-vida> Acesso em 25 Nov 2017
Dicionário Etimológico. Disponível em: <https://www.dicionarioetimologico.com.br/trabalho/> Acesso em 20 Nov 2017. 

Cristiane Gonçalves Rocha Abreu. Psicóloga e especialista em Gestão de Pessoas.

OBS.: Reflexão entregue ao professor José Newton Garcia de Araújo referente à disciplina isolada Temporalidade e Atividade Humana II, do curso de Pós-Graduação stricto sensu MESTRADO em Psicologia da PUC-Minas.

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